quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Onça pintada ou pavoa? Dança ou não dança?

Pobre do Vavá! A opinião dele não valia nada mesmo naquela relação!

Não gostava que izildinha usasse óculos escuros. Dizia que, em vez de realçar a beleza dela, aquilo só encobria sua beleza natural. Vavá era apaixonado pela mulher. Considerava-a linda e dizia que ela não precisava de ornamentos para ser encantadora.

Mas, izildinha nem ligava. Carregava tanto na maquiagem e nos penteados, que ficava parecida com uma pavoa. E os óculos, então, pareciam um outdoor, cobrindo-lhe praticamente todo o rosto.

Dizia que o marido estava era com ciúmes e que ele não queria que ela ficasse bonita. Dizia que se arrumava daquele jeito para ele, embora Vavá se declarasse contrariado e constrangido com toda aquela quinquilharia (jóias e semijoias enormes, salto alto, saia curta, pulseiras, braceletes, tudo e sobretudo).

Ela era chegada a plumas, paetês, chapéus e colares. Tudo muito cheio de brilho e lentejoulas, lembrando as fantasias carnavalescas. Ela era realmente uma peça alegórica com aquilo tudo, carregado de exagero, inclusive no estilo de se vestir.
Dizia que os óculos a faziam parecer mais poderosa:

- Poderosa não! Bandida! Aliás, bandida não! Chefe da quadrilha!

Para fazer mais o tipo, decidiu pintar o cabelo de loiro, depois de vermelho pica-pau, de roxo... E, assim, era como se, a cada mês, Vavá trocasse de esposa. Ele não estava gostando nada daquela extravagância. Mas, seu desconforto não importava para ela.

Contudo, o problema maior foi quando izildinha começou a aparecer em casa, toda semana, com uma fantasia nova. Eram fantasias de onça pintada, tigresa, máscaras (grandes e pequenas), enfermeira, professora, colegial, mulher-gato e até um brinquedinho surgiu no meio dos objetos encantadores.

Questionada pelo marido, ela disse que era tudo para agradá-lo e apimentar a relação dos dois. Vavá aceitou a versão da mulher.

Até que, um dia, descobriu entre as coisas dela, paramentos para dança do ventre: véus multicoloridos, saias e até um CD com músicas típicas da dança. Ele Pediu, então, para que izildinha dançasse para ele. Mas, ela, disse que estava apenas no começo das aulas e que ainda não estava preparada para a apresentação.

Vavá, surpreso, disse:
- Mas eu não sabia que você estava fazendo aulas de dança!

É sempre assim. Marido é o último a saber.

Afinal, dança ou não dança? Dançou!

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