iZIDORO gostava de uma pelada; uma não, duas; aliás, duas não, várias. Tanto assim, que resolveu unir o útil ao agradável. Inventou que a universidade havia mudado o horário de suas aulas para sábado à tarde, e, que, depois, das aulas, iria encarar uma pelada com os amigos. Até, aí, nada que fosse motivo de preocupação para sua mulher, aMÁLIA.
O problema é que iZIDORO era míope e astigmática. Portanto, não dava para goleiro. Para jogar na linha, pior ainda. Meio manco e com um tornozelo direito imprestável por conta de uma antiga fratura, seu chute de pé direito era quase uma brisa.
Nada que o impedia de ter sempre à mão, chuteira, tornozeleira, caneleira e toda a indumentária que caracteriza um bom esportista, amante de uma “pelada”.
Mas, o que aMÁLIA não sabia e nem podia imaginar, é que iZIDORO não tinha aulas aos sábados e não jogava futebol com os amigos, depois do “expediente”. Na verdade, iZIDORO ia para casa de umas primas, tudo confortável, mas, devidamente pago, e caía na farra. Só voltava para casa por volta das 8 da noite.
Porém, como voltar para casa, limpinho e de banho tomado, depois de uma suada “pelada”? iZIDORO é considerado o inventor do banho de areia para humanos. No caminho de volta para casa, todo vestido como jogador de futebol, saía do carro, rolava no chão, sujava-se todo, tomava um verdadeiro banho de areia. E, só, então, voltava para casa, dizendo-se exausto, pelo trabalho e pela “pelada”. aMÁLIA queria sexo selvagem, mas iZIDORO tinha uma ótima justificativa para não cumprir com suas obrigações matrimoniais.
O problema é que seu banho de areia já estava ficando famoso. Começou com alguns que passavam pelo local e pensaram tratar-se de um doente mental. Mas, a notícia se espalhou pelo bairro Itamaracá e, logo, já tinha espertalhão cobrando ingressos para quem quisesse assistir ao “banho de areia do louco do Itamaracá”.
Só aMÁLIA nunca desconfiou de nada. E viveram felizes para sempre...
Ai, Que Saudades da Amélia
Mário Lago
(...) Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade.
http://letras.terra.com.br/mario-lago/377002/
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